1914 – O Jiu-Jitsu chega ao Brasil
- Gabriel GB Marajoara
- 30 de out. de 2024
- 3 min de leitura

Maeda e Carlos Gracie passam a se conhecer – Conde Koma
Um campeão por si só e aluno de Jigoro Kano, Maeda começou suas viagens ao exterior com um grupo que participava de desafios em todo o mundo. Em 1.914, ele chegou ao estado do Pará, na região norte do Brasil, para ajudar a estabelecer a colônia japonesa na região.
Ao fixar residência em Belém do Pará, era natural que Maeda fizesse uso de suas notáveis habilidades de luta em demonstrações, apresentações e até em circos como forma de ganhar a vida e de disseminar a cultura japonesa.
A primeira vez que Carlos Gracie viu o Conde Koma foi em uma dessas demonstrações. Ele ficou espantado com a capacidade de Koma em derrotar adversários muito maiores e mais fortes que ele.
Carlos Gracie era um jovem rebelde e seus pais, Gastão e Cesalina, estavam perdendo o controle sobre ele. Ativo e irrequieto, ele estava dando muito trabalho. Ao saber que Maeda tinha começado a ensinar Jiu-Jitsu, Gastão decidiu levá-lo para aprender como forma de acalmar e disciplinar seu filho.
1916 – Carlos Gracie

Carlos foi apresentado ao Jiu-Jitsu aos 14 anos de idade por Mitsuyo Maeda e se tornou um ávido aluno por alguns anos. Os treinamentos sob a orientação de Maeda tiveram um impacto profundo em sua mente. Ele jamais havia sentido o nÃvel de autocontrole e autoconfiança proporcionado pela prática do Jiu-Jitsu.
A afinidade que podia sentir com o próprio corpo a cada treino fez com que Carlos passasse a ter uma compreensão maior de sua natureza, de suas limitações e de suas forças, e lhe trouxe um sentimento de paz que ele nunca tinha sentido antes. Os momentos com Maeda não duraram muito tempo. Passados menos de 5 anos do dia em que começou a treinar, Carlos teve que se mudar para o Rio de Janeiro junto com seus pais e irmãos. Chegando na então capital do Brasil com 20 anos, Carlos Gracie encontrou dificuldade em se adaptar à nova vida e trabalhar num emprego normal.
Apesar de trabalhar em instituições do governo, o espÃrito rebelde de Carlos não o deixava em paz. O desejo de ensinar a arte que tinha aprendido com Maeda já estava vivo e ele decidiu ir em busca disso. A profissão de professor de artes marciais no começo do século 20 no Brasil não era exatamente a mais promissora. O conhecimento que as pessoas tinham a respeito disso era praticamente inexistente, o que tornava muito difÃcil encontrar alunos dispostos a pagar para aprender.
As únicas pessoas que davam valor no que Carlos Gracie tinha para ensinar eram os integrantes da PolÃcia e uma oportunidade para dar aulas finalmente apareceu para ele no estado de Minas Gerais.
A paixão pelo Jiu-Jitsu e a dedicação de Koma em torná-lo um campeão fizeram o Carlos dar um novo sentido para sua vida. A partir de então, Carlos começou a utilizar e ver o Jiu-Jitsu como instrumento para ajudá-lo a encontrar seu rumo. Mais que isso, com o tempo ele optou pelo Jiu-Jitsu como um ideal pelo qual valia a pena lutar e o adotou com força e determinação. Carlos Gracie teve boas oportunidades profissionais. Após alguns anos em Minas, Carlos decidiu se mudar para São Paulo e então voltou para o Rio. Devido ao seu espÃrito independente e sua convicção nas grandes coisas que o Jiu-Jitsu podia fazer para as pessoas comuns, tornou-se difÃcil para ele restringir seus ensinamentos à PolÃcia.